sábado, 29 de janeiro de 2011

PROCESSO DE REDUÇÃO NA TÉCNICA RAKU

PROCESSO DE REDUÇÃO NA TÉCNICA RAKU
PARA OBTER O EFEITO DO METALIZADO

O forno alimentado a gas tem uma atmosfera diferente do forno elétrico, ou seja, a atmosfera reinante está impregnada de gás butano, fogo, oxigênio, a química dos esmaltes volatilizando, aberturas de escape para a troca entre esses elementos, uma verdadeira orgia.

Apesar de toda essa festa, o forno está trabalhando com uma atmosfera com muito oxigênio, não tão pura, porém necessária para que esmaltes e óxidos cheguem ao seu ponto de fusão, fixando-se no corpo das peças.

Nesta etapa é que entra a redução NO FORNO. A roldana de ferro do maçarico que trabalha aberta alimentando o fogo com oxigênio é fechada, a chama fica vermelha. A chaminé também é fechada, deixando-se apenas uma fresta para a saída do fogo e da fumaça.

Uma vez que não há oxigênio dentro do forno o fogo vai alimentar-se do oxigênio que contém nos esmaltes e nos óxidos das peças cerâmicas.

Exemplo: A fórmula do óxido de cobre é Cu2O e a do cabornato de cobre CuCO3.
O fogo alimenta-se deste oxigênio, deixando na peça apenas uma fina camada do metal.

E assim, acontece nos esmaltes que contém óxidos, criando reflexos multicoloridos.

Os esmaltes que não contém óxidos, não deixam de ter partículas de oxigênio porém a mudança é muito sútil. Os transparentes e brancos ficam levemente acinzentados.

Está redução, retirada do oxigênio na câmara do forno, é que eternizará os efeitos obtidos na peça.




A peça é transferida para um recipiente com serragem que entra em combustão. Labaredas de fogo imprimem marcas e flashes e, a redução ao abafar o recipiente libera fumaça no seu interior que enegrece e realça os efeitos finais das peças. A riqueza de detalhes é como uma digital, não há duas iguais.

Não jogue água fria na peça quente. Não faz sentido uma vez que todo o processo de interferências para obter os efeitos metálicos inicia-se no forno e encerra-se no recipiente.

Este método, ainda muito usado, não tem nenhum fundamento técnico ou estético. É mera fantasia, cena teatral. A queima nos oferece tanto diversidade, movimentação, emoção, que ir além é um risco. Tanto tempo dedicado na elaboração da peça perde-lá num método sem sentido é decepcionante.

Mantenha as peças no recipiente até ter certeza de que não há mais fumaça. Calma e paciência para esperar é uma virtude. Não é necessário pressa, tudo já aconteceu entre o esmaltar, os procedimentos na queima e a transferência para o recipiente com serragem.
Quando as peças estiverem frias faça a limpeza da fuligem com água e esponja com detergente.



Na arte do fogo o importante é dar o melhor de nós. O que recebemos em troca nem sempre é o ideal mas sim, o real. Há tanta beleza e, no entanto não enxergar-mos porque estamos cegos em busca do ideal. Pense e reflita se não é uma descoberta a mais para agregar ao nosso conhecimento e, só então volte no caminho e tente alcançar o desejado. A arte tem esse encanto enigmático, nos instiga a persistência e a buscas incessantes sem nunca nos cansar. É o sabor da vida!

Lu Leão